segunda-feira, 27 de julho de 2009

Primeiros Contatos (introdução - parte II)

Segunda postagem! Viva!

(Alguém, algum dia, deveria fazer um estudo de qual porcentagem de blogs morre na primeira postagem, na segunda, etc... Só para ver a “vida média” dessa criatura chamada blog)

Como prometido vou começar falando um pouco de mim, para que as opiniões sejam colocadas num contexto.

Meu caso com o RPG começa lá pelos idos de 1991 (ou talvez 90 ou 92) em uma locadora de vídeo chamada HTS. Naquela época as locadoras eram lugares onde íamos pegar filmes em fitas de VHS e cartuchos de videogame para nossos Master e Phantom Systems. A internet e a pirataria em massa ainda não eram nem sonho e eu estava lá justamente procurando um joguinho novo, acompanhado de meu irmão.

Eis que vemos na prateleira um cartucho de Nintendo (o NES, também conhecido por nintendinho, com todos os seus 8 bits) chamada “Final Fantasy”. Mais tarde iam colocar um “I” no fim desse nome, mas na época ele era só o único Final Fantasy. Nunca havíamos ouvido falar naquele jogo, mas tinha uma capa bonita e isso garantiu o aluguel. Logo vi que era um jogo diferente, havia a possibilidade de “salvar” o seu jogo, não só uma senha que te levava para um ponto pré-determinado, mas salvar de verdade. Você continuava com os mesmos personagens, com os nomes e equipamento que você tinha conseguido. E os personagens EVOLUIAM conforme iam seguindo algum tipo de história. A história em si me escapava pois eu tinha cerca de 12 anos e pouca noção de inglês.

Ao longo dos próximos dois meses eu e meu irmão viramos clientes da HTS, voltando lá todo o sábado de manhã com a esperança que ninguém houvesse alugado o final fantasy no meio da semana e apagado o nosso jogo (que ficava guardado em um único slot de memória dentro do cartucho). Depois gastávamos o dedo nos alternando no controle, acreditando que apertar repetidamente os botões aumentava a chance dos nossos personagens acertarem o inimigo. Era uma vida simples, que acabou de forma também simples: apagaram nosso jogo. Já estávamos bem perto do fim e nos desmotivamos de começar de novo. Eu viria a usar, anos depois, um emulador para rejogar o Final Fantasy I do começo ao amargo fim, seguindo recomendações do meu psiquiatra (hehe, brincadeira) (a parte do psiquiatra quero dizer, joguei mesmo aquilo do começo ao fim faz uns 3 anos).

Estava plantada a sementinha. Eu, leitor ávido, comecei a migrar minhas leituras de Isaac Asimov e outros livros de ficção científica (notem que as tendências estavam todas lá) para livros de fantasia medieval. Meu irmão, com tendências mais artísticas, começou a colocar espadinhas nas mãos de seus homens-palito (notem que ele é 2,5 anos mais novo que eu, depois que ele cresceu os palitos acabaram virando algo mais). Além disso passei a procurar outros jogos de videogame que seguissem a mesma linha, mas não achei muitos (o Brasil da época era um tanto complicado para tudo que fosse importado, num nível que faz as complicações de hoje parecerem brincadeira).

Algum tempo depois, no que acredito ser o fim do verão de 92, apareceu um amigo nosso (de alcunha Paulinho “van-Basten”) com um livro que tinha ganhado de uma tia e não tinha entendido. Era um tal de “RPG / Aventura Fantásticas” com subtítulo “Uma introdução aos role-playing games” escrito por UM Steve Jackson (que não é O Steve Jackson do GURPs, segundo minhas fontes). Como ele tinha cansado de me ouvir falar do Final Fantasy e sabia que eu era o “cara-que-lia” da rua, ele resolveu me dar o tal livro, que tenho até hoje (meu bairro era, naquela época, um destes em que as crianças ainda ficavam na rua brincando de esconde, jogando bola, taco e empinando pipa – tem desse por aí ainda, mas quando o dinheiro chega eles somem). Não preciso nem dizer que entendi e gostei do livro que começava com a determinante frase: “Como seria realmente viver em um mundo de fantasia medieval?”. Cerca de 5 dias depois estávamos sentados eu, o Paulinho, meu irmão e o irmão do Paulinho (os irmãos não deviam ter nem 10 anos) jogando nossa primeira sessão de RPG. Eu me tornava pela primeira vez o “Mestre de Jogos”, conforme a definição do livro. Esse é um bom exemplo de quão misterioso e poderoso é esse “Mestre de RPG” que apareceu na mídia recentemente como um lider de cultos satânicos e se tornou um nome vergonhoso ao ponto de os próprios autores de RPG inventarem um outro título, “o Narrador” (que eu não gosto). Eu tinha 13 anos e meu único diferencial era ter prazer em ler um livro, o que era necessário para conduzir o jogo. Satânico hein?

O mais importante nessa história foi a descoberta de que o Final Fantasy era só uma simplificação de um jogo muito melhor. De quebra logo no começo do tal livro de RPG estavam citados alguns nomes quase míticos: “Dungeons & Dragons”, “RuneQuest”, “Traveller” e “Warhammer” dizendo que estes eram RPGs bem mais complicados, para “maiores de 12” e “cheios de mapas, regras e tabelas”. Eu recebi essa informação traduzida mais ou menos assim: “você não está sabendo sua besta, mas tem mais disso por aí, e os outros são melhores” (vale dizer que as palavras “complicado”, “complexo” e suas variantes sempre tiveram um lugar todo especial em meu coração).

Começava uma busca em livrarias que logo se provaria frutífera. Mas isso fica para a próxima postagem.

PS: alguém além de mim notou que pode demorar um pouco para eu chegar na 4ª Edição?

6 comentários:

  1. Com certeza vai demorar...Ainda tem que passar pela parte que APARECEU a namorada!!;0)

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  2. Grande Mathias, se for contar toda a parte que eu lembro, voê vai demorar muito.... hehe. Cara, minha primeira experiência com RPG foi mais ou menos nessa época, mas com aqueles livros pequenos que se você escolhia tal ação, iria para a página x, se não para a y... tinha até uma espécie de planilha. Como chamava mesmo?
    Um forte abraço
    Marafon

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  3. Os Livros-Jogos que você se refere eram exatamente da mesma série deste livrinho preto que eu falei aí, chamava "Aventuras Fantásticas" (a série original em Inglês era a "Fighting Fantasy" de Steve Jackson e Ian Livingstone).

    A série tinha muitos livros jogos (uns livretos verdinhos) e só um RPG mesmo, que é esse aí que meu amigo me deu. Depois quando fui procurar RPG acabei achando esses Livros-Jogos e ainda tenho alguns deles na minha biblioteca.

    Por sinal a editora Jambô começou e relançá-los, o primeiro saiu faz pouco tempo.

    Ricardo, o Mathias,

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  4. o nome do irmão dele é Mauro, eheheheh

    ass: Mauro

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  5. E do irmão do Paulinho é André, se não me engano

    :D

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  6. Pra dar um sopro de vida no teu blog!
    Noto que vai demorar msmo pra ter algo do 4e, então vamos deixar o blog vivo, porém é interessante ver a geração 1 do RPG Brasileiro, não se sinta velho, mas sua trajetória no RPG é praticamente um registro Historico do nosso hobby favorito

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